As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são cada vez mais prevalentes nos países subdesenvolvidos e exigem esforços dos profissionais médicos na detecção, tratamento e também na prevenção.
Embora não sejam graves ou levem perigo à vida nos casos agudos, representam uma ameaça significativa à saúde pública para populações de pacientes de alto risco, sendo essencial a detecção precoce.
A maioria das ISTs possui sintomatologia distinta e os resultados dos exames levam a um diagnóstico rápido com opções claras de tratamento. Contudo, identificar pacientes que correm risco de sofrer DST às vezes envolve habilidades elaboradas de obtenção de histórico e longas discussões sobre prevenção e práticas sexuais mais seguras.
A clamídia é a uma das DSTs bacterianas mais comuns, com uma taxa anual de 528,8 casos por 100.000 habitantes. Devido à sua alta prevalência, se recomenda a triagem anual de rotina para mulheres sexualmente ativas com 25 anos e em todos os homens que fazem sexo com homens. A clamídia pode ser assintomática ou pode apresentar uma variedade de sintomas, incluindo disúria (desconforto ou ardência ao urinar), dor pélvica,corrimento vaginal ou corrimento uretral, dor retal ou dor de garganta, dependendo da extensão da infecção e da via de exposição.
Em homens com queixas de ardência ao urinar, deve-se suspeitar de um diagnóstico de uretrite e, em casos de relação anal, sintomas como dor retal e/ou secreção podem ser devidas a proctite (inflamação/infecção da próstata). Deve-se suspeitar de faringite bacteriana quando a infecção por clamídia estiver associada a dor de garganta. Alguns pacientes podem apresentar sintomas sistêmicos, como febre e calafrios.
O diagnóstico é confirmado através da realização de um exame de urina que detecta a bactéria Chlamydia Trachomatis através da amplificação de RNA ou DNA e é altamente sensível e específico para diagnosticar a presença de infecção.
O tratamento de primeira linha da clamídia é a ingestão de antibióticos associados com a abstinência de relações sexuais por 7 dias.
A gonorreia é a segunda DST bacteriana mais comum, com uma taxa anual de 171,9 casos por 100.000 habitantes. A infecção tem um período de incubação de 7 a 14 dias após a exposição. Os pacientes com infecção localizada podem ser assintomáticos ou possuem queixa de corrimento peniano ou vaginal, dor pélvica, dor nas articulações ou dor retal.
Os diagnósticos que devem ser considerados incluem uretrite, doença inflamatória pélvica, septicemia, artrite, faringite e proctite. A infecção gonorreica também pode se manifestar como uma infecção disseminada sistêmica com achados de lesões cutâneas como petéquias ou pustulares, poliartralgia, tenossinovite, peri-hepatite, endocardite ou meningite.
O tratamento também se baseia no uso de antibióticos. Atualmente, a resistência a alguns antibióticos está aumentando e por isso a escolha do medicamento ideal deve ser realizada pelo médico.
O herpes genital é causado pelo vírus do herpes simplex (HSV), geralmente HSV-1 ou HSV-2; no entanto, nem todos os indivíduos que têm o vírus expressam manifestações clínicas da infecção. O sorotipo HSV-2 está associado a taxas mais altas de surtos genitais, infecções virais e recorrência.
Tipicamente, o paciente apresenta feridas penianas ou genitais ulceradas dolorosas que podem envolver uma única lesão ou uma coalescência de múltiplas lesões ulcerativas na boca, ânus ou genitais em homens ou mulheres.
Alguns pacientes relatam a infecção inicial como a mais dolorosa e extensa. O HSV também pode ser disseminado e se apresentar como encefalite com estado mental alterado e sintomas neurológicos,dor abdominal com hepatite grave ou no sistema respiratório como pneumonite.O tratamento deve ser administrado a todos os surtos iniciais e também pode ser administrado como terapia de supressão em pacientes com recorrências frequentes e aqueles com infecção pelo HIV.
A prevalência de sífilis vem aumentando ao redor do mundo da última década. A sífilis é cerca de 8 vezes mais comum em homens e mais comum entre 20 e 29 anos. É causada pela espiroqueta Treponema pallidum, e acredita-se que a transmissão ocorra através do contato sexual e da exposição a ulcerações genitais.
A sífilis apresenta amplo espectro de apresentações e sintomas. A sífilis primária se apresenta como uma úlcera indolor isolada, conhecida como cancro, que normalmente dura de 3 a 6 semanas. A sífilis secundária geralmente ocorre 2 a 8 semanas após a cura do câncer inicial e pode se apresentar como uma erupção cutânea, geralmente eritematosa, envolvendo as palmas das mãos e as plantas dos pés. Também pode envolver lesões cutâneas semelhantes a verrugas, conhecidas como condiloma, linfadenopatia e lesões mucocutâneas.
A sífilis pode ficar latente por 1 a 20 anos após a infecção secundária, levando posteriormente à sífilis terciária. A sífilis terciária pode apresentar sintomas cardíacos, nódulos cutâneos que ulceram conhecidos como gomas e déficits neurológicos permanentes. A neurossífilis pode ocorrer durante qualquer estágio da infecção e pode se apresentar como disfunção graves.
O diagnóstico da sífilis é suspeitado com a apresentação clínica descrita e pode ser confirmado com exames de sangue, sendo os mais comuns o VDRL e o FTA-Abs. O tratamento é realizado com o uso de penicilina intramuscular, devendo o paciente manter o seguimento médico após.
O papiloma vírus humano (HPV) também é uma DST comum, podendo infectar pele ou mucosas tanto de homens quanto mulheres, causando lesões verrucosas na região genital e até mesmo câncer a depender do tipo do vírus.
Na maioria das pessoas, a infecção pelo HPV não causa sintomas. Quando se tem algum sintoma, é o aparecimento de verruga peniana.O aparecimento das lesões ou multiplicação das mesmas geralmente está associado com a queda da imunidade. As verrugas geralmente não apresentam dor ou outros sintomas, mas pode ocorrer menos frequentemente coceira peniana ou ao redor da lesão.
O tratamento consiste na eliminação das verrugas através de agentes químicos, cirurgia ou estimuladores da imunidade. O médico escolhe a modalidade de tratamento de acordo com a quantidade de verrugas, tamanho e localização das lesões.