Varicocelectomia

A varicocele é uma doença que se desenvolve no sexo masculino a partir da puberdade, com cerca de 12 ou 13 anos de idade. É a principal causa tratável de infertilidade masculina, presente em quase metade dos homens que estão tentando engravidar suas parceiras sem sucesso. 

Cerca de 15% da população masculina possui varicocele, porém somente uma pequena parcela possui sintomas ou alterações na função reprodutiva. Com isso, a minoria dos pacientes com varicocele necessita de tratamento cirúrgico, não sendo necessária a realização de varicocelectomia em todos os casos. O urologista deve realizar um estudo completo do caso para a decisão, para que não submeta pacientes sem indicação a um procedimento desnecessário.

De forma objetiva, pacientes com varicocele apresentam dilatação das veias do plexo pampiniforme ou veias espermáticas, que são as responsáveis pela drenagem de sangue dos testículos. Essa dilatação acontece devido a incompetência da função valvular que essas veias possuem. Com isso, pode ocorrer o refluxo de sangue para os testículos, causando os efeitos deletérios da doença.

Não se tem o completo conhecimento sobre o porquê a função dos testículos altera em alguns pacientes com varicocele, porém várias teorias existem. A primeira teoria fala a respeito do aumento da temperatura testicular causado pela dilatação das veias. 

Normalmente, os testículos necessitam trabalhar em temperatura cerca de 2-3ºC menores que o do Varicocelectomiarestante do corpo e as veias do plexo pampiniforme, quando normais, ajudam no resfriamento do sangue testicular.

O calor excessivo aumenta a produção de radicais livres pelo testículo. Os radicais livres por sua vez também causam danos ao testículo. Toda essa modificação na fisiologia do testículo pode estar envolvida na dificuldade na produção de quantidade e qualidade ideal de espermatozóides nos pacientes com varicocele, o que pode causar infertilidade a esses pacientes.Não está claro se a varicocele também pode estar envolvida em futuros problemas hormonais.

Varicocelectomia

O tratamento cirúrgico deve ser oferecido a pacientes com varicocele grau II ou III que estejam tentando gravidez e não estão conseguindo, com alterações no espermograma e com infertilidade não justificada por outra causa. 

Outra indicação também são pacientes adolescentes que mesmo sem o desejo reprodutivo imediato, possuem alterações da estrutura testicular ou de espermograma, a fim de se retardar os efeitos deletérios causados pela varicocele. Quanto antes o tratamento cirúrgico desses pacientes for realizado, mais chance de capacidade reprodutiva será alcançada.

A técnica ideal é a que consegue realizar a ligadura e corte das veias dilatadas, porém sem lesão das artérias e dos vasos linfáticos que também estão presentes na região a ser operada, o cordão espermático. A melhor abordagem segundo a literatura atual é a técnica subinguinal com auxílio de microscópio cirúrgico. Essa técnica é realizada a partir de 2 incisões de cerca de 3 cm logo abaixo da região inguinal, uma de cada lado. O uso de microscópio magnífica o campo visual do cirurgião, acarretando maior facilidade na identificação correta de todas as estruturas que são muito pequenas e que nem sempre são visualizadas a olho nu.

Com essa técnica, ocorre complicações ou recidivas em menos de 1% dos casos operados e a chance de melhora do espermograma e dos testes de fragmentação de DNA espermático em cerca de 60% dos casos. Tanto a quantidade como a qualidade dos espermatozoides melhoram após a varicocelectomia, proporcionando aumento das taxas de gravidez natural pelo casal no pós-operatório. 

Caso a gravidez natural não ocorra, a melhora seminal proporcionada pela cirurgia de correção da varicocele também impacta em melhores taxas de gravidez após técnicas de reprodução assistida.

A recuperação cirúrgica é rápida, assim como o retorno às atividades diárias. A alta pode ser realizada no mesmo dia. Solicita-se um tempo de cerca de 5 dias sem relação sexual e masturbação ao paciente. O espermograma de controle pode ser realizado a cada 3 meses no pós-operatório para avaliar a melhoria do padrão seminal.