Uropediatria

O desenvolvimento anormal do sistema urogenital pode ser responsável pelo surgimento de diversas doenças do trato urinário e reprodutivo masculino e feminino. Algumas condições são diagnosticadas intra-útero durante a gestação através dos exames de imagem que dispomos atualmente. 

A criptorquidia ou testículos não-descidos é caracterizada pela ausência de 1 ou dos 2 testículos na bolsa testicular (escrotal), geralmente pela falha na migração dos testículos que durante o desenvolvimento embrionário estavam dentro do abdome. 

Pode ocorrer em até 5% das crianças nascidas a termo ou até 45% dos meninos prematuros. O exame físico minucioso deve ser realizado para a identificação do testículo. Em 80% das vezes em que não se consegue palpar o testículo na bolsa testicular, é possível a identificação e palpação do testículo no canal inguinal (virilha), ao longo do trajeto de descida do testículo. 

Nessas situações, está indicada a correção cirúrgica através da fixação do testículo na bolsa escrotal. Quando não se consegue realizar a palpação do testículo no canal inguinal, está indicado uma abordagem cirúrgica mais complexa, a cirurgia laparoscópica intra-abdominal para a correta localização do testículo e posterior correção de sua localização.

Esse tratamento cirúrgico tem como objetivo a melhora da função testicular, redução no desenvolvimento de neoplasias testiculares, promoção de benefícios estéticos e evitar complicações como hérnias e torções testiculares. Deve ser realizada preferencialmente entre os 6 e 12 meses de idade, não devendo passar dos 18 meses de vida.

A estenose da JUP (junção uretero-piélica) é uma anormalidade congênita que acomete principalmente crianças e adolescentes, podendo também acontecer em adultos e menos comumente, em idosos. 

Acontece um estreitamento exatamente na junção do rim e do ureter, que é o canal que leva a urina do rim até a bexiga. Isso dificulta a saída de urina do rim para a bexiga, o que pode causar dilatação do rim, dor lombar, sangramentos na urina, bem como infecções urinárias de repetição, que pode culminar com a perda da função renal.

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Exames de ultrassonografia e cintilografia auxiliam no diagnóstico e na tomada de decisões sobre o acompanhamento e tratamento. A cirurgia de correção da estenose de JUP é chamada de pieloplastia, que é a reconfecção da junção do ureter com o rim, corrigindo a área estreitada. Pode ser realizada de forma minimamente invasiva através de Videolaparoscopia ou através da endourologia com o uso de Laser (endopielotomia a laser).

A hidronefrose ou dilatação do rim ou dilatação do sistema pielocalicial pode ser diagnosticada intra-útero através do exame de ultrassonografia. Pode ocorrer por questões fisiológicas do desenvolvimento ou devido a processos obstrutivos do trato urinário ou ainda em casos graves de refluxo vesico-urinário. 

A hidronefrose pode estar presente e 1-5% de todas as gestações sendo que na grande maioria delas, ocorre a resolução espontânea, não sendo necessários nenhum tipo de intervenção. É necessária a investigação por completo para exclusão das mais diversas patologias urológicas a fim de se realizar um diagnóstico preciso e com isso, traçar as metas do tratamento.

A fimose é uma afecção muito comum em meninos e é caracterizada pela incapacidade de exposição da glande por completo. Pode ser associada a aderências balano-prepuciais (aderências entre a glande e a pele que a recobre). 

Geralmente, pode ser devida a um anel estreito no prepúcio, que dificulta a exposição da glande e com isso, impede a correta limpeza do pênis. Isso pode levar a sérios problemas de saúde como o câncer de pênis, bem como aumento de risco de doenças penianas e DSTs, e ainda o incômodo e dor durante a relação sexual. 

Grande parte das fimoses se resolvem espontaneamente antes dos 5 anos. Nos casos mais graves, pode ser necessária a prescrição de pomadas específicas com corticoides ou então a cirurgia para correção, também chamada de Postectomia.